sexta-feira, 13 de novembro de 2015

terça-feira, 28 de julho de 2015

O gordo e o magro: integração dos opostos no emagrecimento

O gordo e o magro. Fonte: Google Imagens
Atores do seriado "O gordo e o magro". Fonte: Google Imagens.


Já contei em uma postagem anterior que a minha terapeuta propôs responder à pergunta: "Por que ser gordo?" e eu ampliei também para "Para que ser magro?" (sempre atente para "por que" e "para que", são diferentes).

E fui fazer a lição de casa, e respondi. E sabe a que conclusão cheguei? Que todos os motivos para ser magro não me convencem muito não. Não me dão aquela força, aquele motivo, aquele tchan pra mudança. Mas mesmo assim me empolguei e fui tentar conhecer o gordo e o magro dentro de mim, num início de trabalho de integração de opostos, e de tentar trazer o magro, que está na sombra, à luz.

A lista não ficou grande, mas vou ressaltar os pontos principais:

- Por que gosto de ser gordo: comer é muito bom; existem várias possibilidades de doces e comidas, e sempre tem algo novo e diferente; comer acalma; estar com as pessoas conversando e comendo é muito bom.

- Coisas de gordo que faço ou penso: se estou comendo um pedaço e gosto, já quero comer outro pedaço, pois senão acho que vou ficar com fome.

- Para que ser magro: saúde física; aparência; não ficar nervoso quando experimento roupa; mostrar que venci; não morrer de alguma doença relacionada à obesidade.

- Sentimentos e pensamentos ruins pela comida de dieta/saudável: quantidade regulada é muito chato; nem sempre gosto de comidas frias (saladas ou frutas); não sou de comer carne todos os dias; a tensão de sair para passear e só comer coisa saudável, porque se comer porcaria uma vez já perco o controle.

- Sentimentos e pensamentos bons pela comida de dieta/saudável: me sinto leve; me sinto em melhor funcionamento; esperança de ser magro um dia.


Olhando tudo isso, nada me convence a ser magro, nem mesmo a incoerência de nem sempre gostar de frutas e saladas, e ter ocasiões que amo frutas e saladas. Nem mesmo a possibilidade de morrer de algo em função da obesidade me assusta ao olhar a lista. Aí que está: a lista mostra razões conscientes, e é preciso buscar as questões inconscientes.

Assisti uma entrevista da Dra. Ercilia Simone Magaldi, analista junguiana, uma das fundadoras do IJEP (Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa), e vou comentar alguns pontos a seguir.


Entrevista com Dra. Ercília Simone Magaldi

Ela começa a entrevista dizendo: "A dependência é a perda da liberdade que o ser humano tem, e o sofrimento que causa a si próprio, ao entorno familiar, é muito profundo. O co-dependente é o indivíduo mais próximo deste dependente, que sofre e vive exclusivamente regrado pela conduta do dependente. [...] Se o dependente faz o tratamento e o co-dependente não faz o tratamento, a recaída é muito provável".

Bom, aqui já podemos abordar o que já falei em postagens anteriores sobre a obesidade enquanto sintoma psicológico. Na minha especialização em Psicologia Hospitalar, abordei um pouco esse assunto, com o enfoque psicanalítico, e agora vou dar o enfoque junguiano. Lembra que numa postagem anterior falei de complexo materno? E que iria abordar a questão da sombra familiar?

A nossa psique é formada por diversos complexos; para Jung, o ego é um complexo; então não existem apenas complexos negativos; todo complexo tem um núcleo arquetípico, e todo arquétipo é um padrão, uma matriz de comportamento, e existem tantos arquétipos quanto existirem situações de comportamento. Assim sendo, podemos pensar no arquétipo do comportamento gordo, e no arquétipo do comportamento magro.

Rabisquei um esboço logo no começo do texto sobre um pouco do gordo e do magro em mim. Um dos itens diz respeito à fome social, aquela que "temos" quando estamos em encontros com amigos e familiares (comemos 12kg de amendoim, mesmo sem fome, pois todos estão comendo, antes do churrasco do domingo, por exemplo). Este é um padrão de comportamento social presente em muitas relações, de amigos ou famílias. Circula pelo facebook um vídeo (ou várias versões deste vídeo) sobre um neto passando as férias na casa da avó, chegando magro, e voltando para casa gordo. Podemos pensar num aspecto de sombra familiar, ou seja, qual o significado da obesidade (ou de ter que entupir um ou mais membros da família de comida)? Qual o significado da obesidade desta(s) pessoa(s) para esta família? Muitas vezes não nos damos conta que este pode ser sim, um sintoma familiar, um aspecto sombrio. Uma sombra familiar. Sombra no sentido junguiano da palavra.

Quer ver como aparece? E como a família pode ser co-dependente no tratamento da obesidade? Minha mãe, que foi tema do post sobre complexo materno, agia assim: toda vez que eu anunciava que estava em regime, ela desandava a fazer receitas de bolos e doces. Detalhe: ela é diabética. Quando eu era pequeno, ela me entupia de abacate com açúcar, maçã argentina (aquela imensa) e óleo de fígado de bacalhau (este eu cuspia atrás da estante, e um dia tomei uma surra por causa disso. Odeio peixe até hoje). E claro que brinco com ela a respeito disso, e ela diz: "ih, que tonteira isso! Imagina se isso tem influência?!". Posso absolvê-la das situações da infância, já que eu era magro. Desses doces da vida adulta... ela acaba sendo a co-dependente. Mas posso absolvê-la também, pois um dia sentei e expliquei TODA a dieta do nutricionista, o que eu podia e o que eu não podia comer. E ela tomou jeito quando percebeu que eu precisava do apoio dela. E ela deu.

Lembra da vó que também falei no post de complexo materno? Pois bem, essa sim gostava de me entupir de comida. Colocava chocolate escondido na minha mochila. Só parou quando eu inventei que estava com glicemia de 600. Mas ela não pode me ver que me acha magro. Eu sou o neto caçula, e era muito apegado a ela, acho que fui o neto que ela realmente aproveitou mais o tempo, pois nasci quando ela já era aposentada (sou raspa de tacho). Já havia dito que meus primos são magros, e eu nunca consegui. Não estou acusando ou me vitimizando, mas ilustrando um processo, que aconteceu comigo, que envolve sombra familiar e complexo materno. Minha avó sempre me impediu de "ir para o mundo", de enfrentar as situações, pois tinha medo que o mundo me prejudicasse (3 minutos de atraso e ela já achava que eu tinha morrido. SEM EXAGERO). O meu erro foi aceitar. Ela, com o complexo materno dela, e eu incubando o meu. Claro que deu ruim.

Com a personalidade formada, temos os vícios e virtudes já beeeem instalados dentro de nós. E comer pode ser um vício, e pode ser uma uma compulsão (leia A droga da comida, artigo da Prof. Andreza Wurzba, do IJEP).

O Dr. Waldemar Magaldi, psicólogo e analista junguiano, co-fundador do IJEP, escreveu este artigo, Transitando entre os vícios e as virtudes, e nos explica que os vícios e as virtudes são opostos complementares, e nos diz "Nascemos com fortes tendências aos vícios, por conta da nossa estrutura cerebral de gratificação e recompensa e de toda a fisiologia bioquímica. Somado a isso temos várias carências, desde as materiais até as espirituais e para suprir essa sensação de vazio e nossas deficiências tendemos aos excessos" (Magaldi, W.).

Pegando esse gancho do texto do Waldemar, e ligando com a entrevista da Simone (aliás, formam um casal maravilhoso, sou fã), ela diz no vídeo "todo dependente é abusivo e compulsivo; essa tríade faz parte da mesma patologia; o dependente sofre, não tem liberdade porque tem excessos, não tem controle sobre a própria a vida, tem algo que o impulsiona de maneira absolutamente desregrada para esse comportamento que leva ao sofrimento, que não é só para drogas, é uma coisa muito mais ampla".

Como já falamos em outros posts, a dependência pode ser de drogas, internet, sexo, jogos, álcool, compras, comida e o próprio exercício físico (vigorexia); o vício é um comportamento repetitivo que é prejudicial, e pode ser compulsivo, isto é, sem controle. Ela ainda nos diz: "o sofrimento é muito grande [para todos os tipos de vícios], e normalmente existem comorbidades, é difícil o indivíduo ter só um tipo de compulsão, tem uma coisa conjunta".

Por que estou então colocando a minha obesidade enquanto dependência? Em alguns momentos ela me assustou, com episódios de comer compulsivo (binge eating), e quando estou de dieta, vem aquela tensão, aquela mesma, que grifei lá em cima: a tensão de ao sair pra passear, comer uma porcaria e perder o controle. E a refeição off, vira o dia off (ou o dia do lixo), e aí passa a ser a semana off, o mês off, e tudo mais off. É um descontrole, um tombo no qual temos dificuldades de nos levantar.

E quem está atuando ali? Os complexos, que na visão junguiana, são autônomos, ou seja, são praticamente personalidades dentro da nossa personalidade. Assumem o controle, e quando vemos, já fizemos. Por isso a necessidade de conhecer o meu gordo interno, ou esse complexo do glutão, que toma conta de mim, e me impede de conseguir a magreza. Esse é mais fácil de conhecer. São todos os defeitos, todos os vícios que estão aí, escancarados. Aquele passar no drive-trhu e pegar o lanche escondido. Escondido de quem? Hoje em dia tem câmera em todos os estabelecimentos. Ah, a geladeira não tem câmera? Os modelos mais modernos tem quase tudo, até wi-fi, e logo vão denunciar os comedores noturnos rsrsrs. Já imaginou no dia que chegarmos do lado de lá, e passar todas as mensagens do WhatsApp num telão e todas as vezes que achamos que estamos comendo escondido? "E durou quase uma eternidade..." Quaquaraquaquá quem riu... Quaquaraquaquá NÃO fui eu. Ai, dona Elis Regina...

Mas como fazer a integração com a virtude, ou seja, o magro, o comedido. Claro que um magro patológico é o anoréxico, mas acho que olhando no espelho, estou longe disso. Para integrar o magro, tem que conhecê-lo. Estou buscando conhecer mais esse magro. Enfim, esse cara também sou eu. Posso dizer que já tive sonhos com ele. Hmmmm como assim? Pois bem, quem está mais à mostra é o gordinho, e quem está na sombra é o magro. O gordinho tem aspectos sombrios também, mas estou me referindo a quem está mais lá no fundo do fundo do fundo (do fundo, lá no fundo). Quando sonhamos todos os personagens que estão ali no sonho somos nós (quer saber mais? O Waldemar Magaldi tem um curso maravilhoso sobre sonhos no IJEP, e não, não estou ganhando comissão). Assim, quando sonhamos com alguém do mesmo sexo, essa pessoa acaba representando a nossa sombra. E foram alguns sonhos que me indicaram que estou começando a ficar pronto para trazer esse magro à luz.

Mas o importante é saber que mesmo após o emagrecimento, ambos continuarão ali dentro. Por isso que disse, há um bom tempo, que uma vez que emagrecemos, não somos magros, somos pessoas emagrecidas. Pois ali no nosso corpo está nossa história. Seja esse emagrecimento fruto de reeducação alimentar, cirurgia e/ou exercícios físicos.

Pra ilustrar rapidamente e caminhar para o fim do post, todos sabem que sou fã do seriado Friends, e toda vez que faço um daqueles testes pra saber qual personagem sou, sempre sai a Monica. Ela era obesa, e certa vez disse: "eu devo isso à gorda dentro de mim, eu nunca a deixo comer!". Claro que o gordo dentro da gente não vai morrer de inanição, ele estará lá, mas teremos conhecido ele, saberemos como ele age, e quem sabe, dar um nó nele para ele não nos enrolar, empanar, fritar e engordar mais (e olha que o meu gordo nem gosta de fritura!).

E por fim, nos diz o mestre Carl Jung: "Se quiser trilhar seu próprio caminho, então será um caminho a se construir, que não é prescrito para ninguém, que não se conhece de antemão, mas que surge simplesmente por si mesmo quando se dá um passo depois do outro" (só para complementar o post do complexo materno, onde abordo a questão do sentido deste complexo na nossa vida).

domingo, 26 de julho de 2015

Run, Forrest, Run: Review de alguns parques para correr


Forrest Gump - Imagem do filme; fonte: Google Imagens
Forrest Gump - Imagem do filme; fonte: Google Imagens

Forrest Gump, um visionário: naquela época já usava barba lenhador... E corria. Caminhar e/ou correr ao ar livre é uma ótima experiência. Muitos correm nas ruas do bairro, por ser logo ali, na porta de casa, mas aos finais de semana é interessante dar uma esticada e ir para lugares mais legais.

Vou fazer um review de alguns parques, lembrando que um review expressa a minha opinião, que pode ser diferente da sua. Pode deixar suas opiniões aqui nos comentários, ou lá no Facebook, na minha página.

Os horários de funcionamento foram encontrados na internet, e podem ser alterados pelas prefeituras.

Parque Raphael Lazzuri - São Bernardo do Campo
Av. Kennedy, Jardim do Mar
Horário: 6h às 22h, diariamente

Pensa num parque delicioso! Não é muito grande, mas a pista de corrida é toda de concreto, o que não suja nossos tênis em dias de chuva. Tem música ambiente em toda a extensão da pista de corrida, tem bebedouro com água filtrada e gelada, banheiros limpos, e um paisagismo maravilhoso. Fácil de estacionar no bolsão em frente ao ginásio de esportes. Bem arborizado. Me sinto bem seguro neste parque.


Parque Alfredo Fláquer/Ipiranguinha - Santo André
Rua Sete de Setembro, Vila Alzira
Horário: 6h às 22h, diariamente

O meu preferido. Por ser perto de casa, às vezes vou caminhando/correndo, então, dou menos voltas no parque, o que dá a sensação de que tudo foi mais rápido. Bom tamanho, seguro, bem arborizado. Sinto segurança em todos os horários, manhã, tarde e noite. O parque dispõe de água torneiral sem filtro. Bons aparelhos para alongamento em diversos locais do parque. Aos domingos tem umas barraquinhas vendendo coisas, então, pode ser que sinta o cheiro de pastel, e isso pode ser um problema, para quem tem lombrigas (#eu). Fácil de estacionar nas ruas do entorno, embora na rua do parque sempre tenha os flanelinhas. O parque é limpo, possui diversas lixeiras em todos os lugares. Possui uma parte para idosos se exercitarem, e uma parte para as crianças brincarem. Banheiro semi-limpo. Tem uma pista maior para corrida, forrada com serragem, e outra menor, de concreto. As duas pistas estão sempre bem cuidadas, assim como o parque, no geral.


Parque Central - Santo André
Rua José Bonifácio, Vila Assunção (endereço antigo: Rua Gamboa, Bairro Paraíso)
Horário: 5h às 20h, diariamente

Também perto de casa. Um parque grande, bem arborizado em algumas partes, mas em outras, as árvores ainda estão crescendo. Possui lagos, mas não para pescar nem nadar! Vemos patos, cisnes e outros bichos. A sensação que tenho é que algumas partes são mais seguras que outras; embora eu nunca tenha sido assaltado lá, já ouvi histórias de assalto, independente do horário. Tem ciclovia e pista de corrida, esta forrada com serragem. Tem várias opções para a família: concha acústica, brinquedos infantis, pista para mini-aviões, feira de adoções de animais... Nunca fui assaltado, mas já fui atacado por uma coruja louca e por alguns quero-queros. Mas geralmente a natureza é bem tranquila rsrsrs. Banheiros nem tão semi-limpos assim. Água torneiral sem filtro. Bebedouro para cães. Difícil de estacionar perto da entrada principal, mas o parque possui entrada em outras ruas, e perto dessas entradas é mais fácil de estacionar. Alguns aparelhos de alongamento e abdominais, feitos de madeira.


Parque Burle Marx - São Paulo
Av. Dona Helena Pereira de Moraes, Parque do Morumbi
Horário: 7h às 19h, diariamente

Um parque lindo! Possui uma trilha de corrida/caminhada, nível quase hard, no meio da mata. Subidas e descidas, ótimo para treinar o condicionamento.  Impossível parar nas ruas do entorno, mas o parque possui um estacionamento pago, cuja renda é revertida para a manutenção do parque. O parque possui atividades gratuitas, como tai-chi-chuan e pilates, confira a programação aqui. Tem bebedouros com filtro, com água gelada, e os banheiros são muito limpos. Possui uma biblioteca, e para tirar um livro, basta doar outro. Parque lindo, lindo, lindo, mas a parte para a família te esperar não é tão grande, e não tem tantos recursos como brinquedos para crianças.


Parque Municipal Engenheiro Salvador Arena - São Bernardo do Campo
Av. Caminho do Mar, Rudge Ramos
Horário: 6h às 21h, diariamente

Um bom parque para levar as crianças, pois elas terão divertimento certeiro enquanto você corre. Um parque com bebedouro de água filtrada, gelada, com concha acústica e banheiros limpos. Música ambiente em todo o trajeto da pista de corrida. Muito bem cuidado e pista de corrida de concreto. Porém, muito pequeno, então parece que a atividade "não rende". Fácil de estacionar nas ruas do entorno. Possui um lindo aquário com paredes de vidro, no meio da pista de corrida. Por ser muito pequeno, fica meio claustrofóbico, não me deu vontade de voltar, mas é bonito. Como o parque é grudado em algumas casas, o cheiro de churrasco, aos domingos, é forte.


Parque Buenos Aires - São Paulo
Av. Angélica, Higienópolis
Horário: 6h às 22h, diariamente

Achei fácil de estacionar, mas fui num domingo cedo. Um parque muito bonito, com boa pista de corrida, como levei água de casa, não reparei nos bebedouros. Não visitei os banheiros. O que achei o máximo é que tem uma área cercada para os cachorros brincarem, interagirem e trocarem número de WhatsApp. Senti segurança no parque. Não vejo a hora de voltar, principalmente para encher o bucho na Dona Deôla ou na pararia do Benjamin Abrahão, numa proposta junguiana de integrar os opostos: corrida saudável e gordices deliciosas.


Parque Escola - Santo André
Rua Anacleto Popote, Vila Valparaíso
Horário: Não localizei no site da prefeitura

O próprio site da prefeitura de Santo André diz que o local está em reestruturação. Após essa reestruturação, que sabe Deus quando ficará pronta, o parque ficará maravilhoso, pois tem potencial: terreno acidentado, ótimo para condicionamento em corridas e bela paisagem. Não recomendo a visita ao parque neste momento pois senti MUITA INSEGURANÇA. Vi pessoas usando drogas, nenhum policiamento, lixeiras quebradas, parque bem descuidado. Poucos conhecem o local, que tem até um orquidário. Para mais informações, clique aqui para acessar a página da prefeitura sobre o parque.


Parque Villa-Lobos - São Paulo
Av. Professor Fonseca Rodrigues, Alto dos Pinheiros
Horário: 5h30 às 19h, diariamente

Fui num dia na semana de fim de ano, com a cidade de São Paulo mais vazia, e consegui estacionar. Não sei como é nos outros dias do ano. Achei o parque até que bonito, mas não curti. Pessoas fazendo acrobacias e danças (não estavam se apresentando, e sim, ensaiando), com música no último volume, Bicicletas quase atropelando. Levei água de casa, então não vi os bebedouros. Banheiro limpo. Perto da entrada existem várias barracas de comida, com cheiro de fritura gritando e colando na roupa e no cabelo. Me disseram que tinha um local para cachorros; não achei, e como já estava irritado com a falta de educação das pessoas que naquele dia lá estavam, nem perguntei, pois também, não vi um funcionário/segurança. A pista de corrida não ficou clara pra mim onde é (não entendi se há alguma delimitação ao certo), mas as pessoas andavam feito baratas tontas, com patins, bicicletas e à pé. Achei o caminho pouco arborizado, com o sol rachando minha cabeça, e tinha uma parte para entrar num matagal, mas não senti confiança de entrar ali. Talvez uma visita no futuro mude minha opinião, pois alguns amigos até que gostam de lá, mas também moram perto.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais: complexos materno e paterno no emagrecimento


(Elis Regina e Maria Rita, em imagem encontrada no Google)


"Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais"

Nunca fui de ouvir Elis Regina (muito menos Belchior, o autor da música Como nossos pais), mas adoro Maria Rita, e fui ouvir o álbum que ela gravou em homenagem à mãe. Me deparei com essa música, que na semana passada ficou martelando na minha cabeça.

E comecei a encarar tanto o complexo materno quanto o paterno. Tá, o paterno acho que demora um pouco mais pra mexer, e vou ficar devendo um pouco neste post, mas achei que devia mencioná-lo no título. Oops, my bad. ;)

Saí em busca de artigos que falassem a respeito, e achei um muito interessante: O complexo materno não resolvido, no homem, causa dificuldade norelacionamento com sua anima. O primeiro parágrafo sintetiza toda uma reflexão que povoa minha cabeça nos últimos meses:

"Há casos em que o complexo materno tem uma influência velada, não sendo caracterizados como um desvio patológico propriamente dito, sua atuação é percebida de diversas formas e em diferentes fases da vida do homem, atrapalhando, senão impedindo, o seu relacionamento consigo mesmo e com outras pessoas" (Portillo, V. G.).

A anima é o lado feminino no homem, o lado do amor, do carinho, do fraterno. Relacionar-se com este lado implica também no autorrelacionamento, no autocuidado, no autoamor. A anima é a alma do homem, que dá vontade de viver, paixão pela vida e profundidade de existência.

Um homem com um complexo materno negativo, ou seja, a imagem interna de mãe negativa, ou que tenha tido más experiências com a mãe (ou quem a represente), ou que tenha tido uma mãe devoradora e castradora, provavelmente, sem elaborar estas questões, não vai ter um bom relacionamento com a anima.

Na crise da meia idade (ou metanóia) o homem passa a entrar mais em contato com sua anima. Essa crise geralmente acontece a partir dos 35/40 anos. Começam os questionamentos, as avaliações da vida, a busca por maturidade, e a espiritualidade começa a ter um foco diferente, já que geralmente as questões materiais e profissionais já estão encaminhadas. Algum problema de saúde também pode dar início a essa crise, colocar o homem de frente com seu mundo interior e como este se relacionou com o mundo exterior.

Temos tantas vertentes que é difícil generalizar num post de blog, mas podemos pensar no homem embrutecido que precisa lapidar-se para melhorar seus relacionamentos com a/o esposa/o e filhos; no homem que foi negligente com a saúde; no homem que desconhece a palavra autocuidado; no homem supostamente abnegado que a tudo renuncia em prol dos outros. Seja qual for o caso, a reflexão é importante. Mas o objetivo deste blog é o emagrecimento, e vamos passear por este caminho, carregando o porta-mala, neste post, com a psique masculina.

Qual o significado de um complexo materno negativo na história, biografia, de um homem?

"A anima poderá ser o próprio inferno na vida de um homem ou poderá ser seu verdadeiro paraíso aqui na terra, basta entender seu significado e não abandoná-la" (Portillo, V.G.).

Buscar este entendimento e significado requer olhar a vida de trás pra frente, como propõe James Hillman, no livro O código do ser. Para que me serve ter tido um complexo materno negativo, que afetou minha forma de me colocar no mundo, de ver o mundo, de me relacionar comigo, com minha missão e com as pessoas?

Pensar desta maneira tira a culpa da mãe por tudo aquilo que sou ou me aconteceu, mesmo porque a maioria das mães não é vilã, apenas tem complexos maternos atuantes também, e a maioria "age pelo bem dos filhos" (mesmo que isso possa trazer consequências não tão boas...). Pensar assim traz pra mim um desafio, uma lição, me dá um papel único no mundo, e porque não dizer, me dá uma identidade. "Sabe o cara que tem um complexo materno assim, assado, x, y e z? Então, esse cara sou eu". É mais ou menos isso.

A Dra. Ercilia Simone Magaldi, analista junguiana e uma das fundadoras do IJEP (Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa) explica a singularidade de uma maneira bem clara:

"Singular não pode ser entendido como particular. Temos particularidades que uma a uma nos distinguem dos outros seres humanos, assim é que como ser humano temos particularidades próprias da espécie e também particularidades únicas que nos distinguem dentro da própria espécie; como mulher participo do gênero feminino, mas dentro dele possuo particularidades únicas; como mãe compartilho da experiência materna de todas as mães, mas a minha maternagem é particularmente especial e única dentre todas as mães, essas somatórias de particularidades, que ao mesmo tempo me possibilitam compartilhar grupos me distinguem dentro de cada qual, formam minha singularidade.

O singular que eu sou pede uma realização plena, um sentido único. A individuação é isso, realizar o processo de nos tornarmos plenos e únicos" (Magaldi, E. S.).

Então conhecer o complexo materno, seja positivo ou negativo, conhecer a anima, faz parte do processo de individuação, que grosso modo, é o processo de evolução, com ampliação da consciência, e integração dos opostos internos.

Mas o que tudo isso tem a ver com Elis Regina, emagrecimento, anima e metanóia?

A metanóia é a época em que estou vivendo. Crises, reflexões, mudanças de ponto de vista, amadurecimento, blá blá blá. A anima.... ah.... essa vai me dar trabalho, e olha que eu achava que ela era bem integrada... Mas eu não percebia a extensão do complexo materno. E fui colocar mais atenção nisso por causa da dona Elis Regina, ou melhor, da filha dela.

Claro que já havia pensado sobre complexo materno. Me considero um Puer (ver mais neste post aqui), e todo Puer tem um complexo materno. E eu pensava que era apenas no contexto profissional. Mas o autocuidado, ou melhor, o autodescuido, precisa ser explorado. Conversei sobre isto em terapia e vamos ampliar.

Devo expor minha mãe? Bom, não tem jeito. Já adianto que ela tem qualidades, mas cresci assim: ao entrar na loja para comprar roupas, não adiantava querer procurar a melhor opção, era sempre a primeira que via, a da primeira arara (da C&A ou Mesbla) que devia ser levada ("Anda logo, pega essa aí mesmo"). Outras lojas eram território proibido, principalmente se fossem de shopping ("Demora muito").

Corte de cabelo? Até o terceiro ano da faculdade usei o mesmo corte do meu pai (joãozinho meets capacete). Como bom Puer, fiquei nas barbas da mãe e pai até terminar a faculdade (e esse laço foi forte, olha, tô pra dizer que contra minha vontade consciente, ainda é). Gente, olha a construção da frase anterior: mãe não tem barba. Mas a minha é bem tomada pelo animus. Precisava desse parêntesis. Como fiquei nas barbas deles, foi um parto para convencer minha mãe a pagar academia, no meu terceiro ano de faculdade. Que aliás, foi a mesma época que mudei radicalmente o corte de cabelo. Frases da minha mãe: "não precisa pagar pra fazer ginástica, basta comer arroz e feijão". Até hoje quando escuto a palavra "ginástica" me arrepia. Tudo isso - e mais - denunciam o autodescuido presente nos aspectos sombrios da família. Talvez em outra postagem eu escreva um pouco sobre sombra, e inclua uma parte sobre sombra familiar. Santo Jung.

Mas tudo isso que falei acima faz tanto tempo... 16 anos para ser mais exato. Tá longe, né? Já não moro com eles, já pago a academia com meu suado dinheirinho, já não preciso comer arroz com feijão, já sei que posso ir a restaurante (pois minha mãe é avessa a restaurantes), já sei que posso escolher o corte de cabelo e as minhas roupas.

Mas por que ainda ajo como aquele cara? Aquele cara AINDA sou eu. Quieralho! Vou lavar a roupa suja. Lavar ou não lavar? Minha avó paterna e minha mãe são adeptas da roupa eterna. Compraram uma roupa boa em 1913 e que dura até hoje. E usam somente elas (praticamente, tá gente, mas é quase isso mesmo, quase sem exagero rs). Minha mãe não usa maquiagem (e minhas irmãs também não). Meu pai se vangloria de cortar o cabelo a cada 6 meses, pois ele acha que tem o mesmo corte dos Beatles sensualizando na Abbey Road. O pai do meu pai morreu quando ele tinha uns 6 anos, então toda a noção de autocuidado dele vem da minha vó, aquela da roupa eterna. E eu, raramente compro roupas! E escolhi meu marido por ser super estiloso, ou seja, minha sombra.

São culpados? NÃO. N-Ã-O. Qual o papel disso tudo na minha vida? A que isto me serve? Cara, ainda não sei direito. Mas tudo isso pra dizer: preciso de autocuidado. E o autocuidado envolve o emagrecimento.

Cuidar de si significa cuidar da velhice também: um corpo saudável, firme e velho consegue se manter ereto, sem precisar de ajuda para usar o vaso sanitário, por exemplo. Cuidar de si significa dar continuidade, ou fazer a manutenção, ou ainda ter a sustentabilidade do emagrecimento e do peso saudável.

Se eu não consigo dar continuidade no uso de creme para acne, quem dirá dar continuidade no emagrecimento. Putz, deprimi agora. Mas... vigiai, orai, enfrentai, integrai, metanoiai, individuai rsrsrs.

Vou contar um causo antes de partir pra finalização.

Hoje fui almoçar no Subway. Estou na fila iniciando meu pedido e entram duas moças, e meu santo já não bateu com o delas. Ficaram atrás de mim, esbarrando a bolsa, me atropelaram, e eu quase olhei torto (sim, minha mãe me ensinou que se eu tropeçar na mesa devo pedir desculpas à mesa), mas sou reprimido e não reclamei, enfim, só brigo com quem já conheço. Tá, às vezes não. E aí a cena:

Atendente: Pão de 15 ou 30cm?
Espalhafatosa 1: Quero metade, o de 15cm. Tem que se cuidar, né?
Espalhafatosa 2: Está errado. Não é o de 15cm que é metade, ele já é um lanche inteiro. O de 30cm que é um lanche de porção dupla. Se você fala que come meio, está mandando a mensagem de que está comendo pouco para o cérebro.
Espalhafatosa 1: Ahhhhh, mas eu  vou querer MUITA, mas MUITA salada no meu lanche, tá?

Pronto. Fui tomado por vários complexos ali. Mas destaco o complexo do autodescuido. Talvez no relance de olhar as moças quando entraram, meu inconsciente já tenha captado que essas duas são espalhafatosas e espaçosas. Espalhafatosa significa exagerada, mas também significa soberana, ou ainda quem ostenta algo.

Olha o complexo de inferioridade atuando junto com o complexo materno negativo, este, agindo de maneira velada, como Portillo esclarece láááá no começo: mamis sempre me ensinou a ser mais do que comedido. A sempre pedir muitas, mas muitas desculpas, a passar sempre invisível, pois os outros não podem se incomodar comigo, ou melhor "não pode dar trabalho", e também a nunca ostentar "não coma essa bala perto dos outros". Tá, tem princípios de boa educação aí sim, mas fiquei muito.... qual palavra usar? Não dono de mim. Não dono do que é meu. Elas estavam donas da situação e se autocuidando. Não adianta fugir, a vida mostra o que precisamos trabalhar, até mesmo comprando lanche.

Quem me conhece sabe que tenho problemas pra me tornar dono do que é meu, de pegar as rédeas da vida na mão. Luto pra dar sustentabilidade no emagrecimento há pelos menos 16 anos.

Culpa dos outros? Não. A mim coube esse desafio. A mim coube essa história. A mim coube virar a mesa neste contexto. E reflexões sobre isto justo neste momento, de metanóia.

"Na meia idade, quando o homem encontra-se no auge de suas realizações masculinas, ele experimenta com mais intensidade seus complexos e possessões pela anima. Uma depressão, característica desta fase, poderá vir acompanhada de uma voz interna que o acusa de tudo o quanto ele não realizou, aponta seus pontos fracos no que se refere às suas emoções e sentimentos internos" (Portillo, V.G.).

Tá vendo como para emagrecer é preciso mais que só malhar por 3 meses? A sustentabilidade depende diretamente do que mudamos no nosso interior.

Ah, minhas não realizações, emoções, sentimentos e depressão? Já venhofalando sobre isso. E muito. Um beijo do (ainda) gordo!

Ps: me expus muito? Desculpa, mas acho que na abordagem da psicologia analítica, a gente acaba sendo o próprio objeto de pesquisa...

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Descida ao Hades usando as incoerências como corrimão

Fonte: http://conhecendoamitologiagrega.blogspot.com.br/2013/01/o-deus-do-mundo-inferior-e-da-mortehades.html
Hades - o Deus do mundo inferior e da morte - Fonte: Conhecendo a mitologia grega

Muitas vezes precisamos chegar ao fundo do poço. Só assim pra sacar que não dá pra ir mais fundo, e então é hora de subir.

Faz quase um ano que não escrevo por aqui, embora tenha compartilhado alguns links na página do Facebook.

De lá pra cá posso dizer que o grupo no WhatsApp foi bom para a Sra. B, e para mim não. Mas a culpa é... bom, não tem culpa.

Acontece que minha vida virou de cabeça pra baixo há mais ou menos uns dois anos, e passei por provas hercúleas para estar de pé hoje.

Decisões importantes a serem tomadas, planos e mudanças de planos, viagens, saúde física e psíquica foram temas vividos - e beeeeem experimentados, com dulçor e amargor.

São tantas coisas pra dar conta e pra gerenciar que claro, não conseguimos dar sustentabilidade a tudo, e o caminho mais fácil é a mesma válvula de escape de sempre, ou seja, o comportamento que traduz o vício. O vício é um comportamento repetitivo e prejudicial. Comumente associamos ao cigarro e bebidas alcoólicas, mas pode ser comida, jogo, sexo, trabalho, etc.

Claro que o foco deste blog é o vício em comida, e a dificuldade na manutenção ou na sustentabilidade do emagrecimento.

Quem é que não sabe alguns dos passos pra emagrecer? Mas tendemos a buscar soluções mágicas e imediatas para isto.

Mas não fazemos um exame de quem somos, qual o nosso papel no mundo e qual o papel da obesidade na nossa vida. Já falei antes sobre a real beleza aqui, e sabemos que emagrecer não é apenas por beleza, e sim por saúde, e que achar que estar acima do peso e aceitar isso é a real beleza, pode ser um tiro no pé (segunda chamada para o post mencionado acima). Engraçado que vi esses tempos um texto no face que era preciso ouvir sim que estava gordo, pra sair da zona de conforto e correr atrás do emagrecimento.

Nesse caminho todo entre outubro do ano passado e hoje fui pesquisar muitas coisas. E só acho o aspecto psicológico da obesidade em mulheres. É como se os homens não tivessem uma psique para ser trabalhada no que tange ao emagrecimento. Acho que isso se deve porque nossa cultura sempre evidencia o emagrecimento apenas para mulheres, que buscam, muitas vezes, na beleza magra a auto-estima perdida. Claro que ser magro(a) traz auto-estima, mas a obesidade não pode gongá-la (vai, terceira e última chamada de verdade, os portões vão fechar, embarque no post mencionado acima AQUI).

É como se os homens, para emagrecer e continuarem magros, tivessem mais facilidade, ou fosse um assunto fácil.

Quando você segue um perfil no instagram, o aplicativo sugere fotos que talvez você possa gostar. E numa dessas cliquei numa foto cuja legenda era algo como "estou indo para a academia, elaborar o luto pela perda do corpo infantil". Isso me lembrou das teorias de Arminda Aberastury, uma fofa da Psicanálise que só estudei um ou outro texto na época da faculdade, há mais ou menos uns 15 anos.

Nem me dei ao trabalho de levantar e pegar o livro empoeirado na prateleira, enfim, com o tempo seco é bom não dar pala pra alergias respiratórias. Dei um google e pronto, achei algo a respeito. Mas não era o texto de origem da Aberastury, era alguém falando sobre. Em suma: na transição para a adolescência, o jovem se despede do corpo infantil ou fica preso à ele, como uma forma de não entrar na adolescência e permanecer na infância. Vibrei até aqui, pois tem tudo a ver com o tema do Puer que estudei tanto para a pós em Psicologia Junguiana.

Um parêntesis: o Puer é a eterna criança, uns chamam erroneamente de síndrome de Peter Pan, mas é mais que isso. O Puer Aeternus é o cara (ou a cara, chamada Puella) que não sai da infância. Que tem dificuldades de lidar com os assuntos da vida madura. Ele é tomado pelo complexo do Puer Aeternus, e por exemplo, no alto dos 40 anos ainda está patinando nos assuntos que deveriam ter sido resolvidos no início dos 20 anos.

Puer Aeternus em imagem do AstroAtelier

Fechando o parêntesis e voltando para o texto sobre a teoria da Aberastury, me deparo com os dizeres: e o homem que fica se exercitando muito está usando este artifício como um jogo da infância para ficar preso ao corpo infantil.

Mas vem cá, o corpo infantil não seria aquele do franzino ou mesmo do gordinho fofinho menininho da vovó (complexo materno negativo)? Pra mim, o cara musculoso tem mais a ver com o Apolo. Mas enfim, toda teoria que vejo por aí sempre enfatiza o lado ruim de qualquer coisa. Seja da musculação, seja do próprio Apolo, seja do Puer, seja da busca pelo emagrecimento (que colocam como cabeça vazia, preocupação com a estética, futilidade, e blá blá blá). Sim, entendi que o texto dizia que ficar obsessivo com a musculação também evita a entrada na fase adulta.

Foto: Haris vythoulkas / Shutterstock.com
(Apolo na Academia de Atenas, Foto: Haris vythoulkas / Shutterstock.com)

Quieralho, mas custa pegar o lado bom? Caminhar faz bem, mas logo lembramos da outra que tem uma patologia e precisa andar tantos mil passos por dia, ou daquela que tem o transtorno alimentar. Parece que estamos reproduzindo as fogueiras da idade média, onde tudo o que é diferente de nós, merece ser queimado. Antes de seguir, preciso dizer que o Puer também tem o lado bom, tá? Ele tem toda a força criativa, que nos impulsiona, e se for integrado ao par complementar dele, o Senex (velho sábio), fica, ó, receita nota 10 da Namariabraga.

E o ovo, que já foi um bom alimento, um mau alimento, um bom alimento, um mau alimento, o mundo não decide se é bom ou não. Glúten passou a ser vilão mundial. Tapioca passou a ser a salvação. Pra evitar pensar que as coisas todas também possuem um lado bom, evidenciamos demais o lado ruim, assim, não precisamos sair da zona de conforto, e surgem mais desculpas que o número de resultados que o google traz em 0,36 segundos para uma pesquisa feita.

Jung nos ensina a integração dos opostos, luz e sombra, bom e mau. Então custa ver o lado bom do emagrecimento? Custa entender que se exercitar faz bem, e que tem muito musculoso inteligente (meu primo é um). Mas custa entender também que o excesso faz mal?

Andei assistindo por aí umas palestras sobre musculação e os novos avanços em atividade física (sim, falo sobre HIIT, HIIRT). Não sou profissional da área, mas me sinto esperto para reproduzir: de nada adianta fazer atividade intensa todo dia, se o corpo precisa de um tempo de repouso para se recuperar e aí sim mostrar resultados. Assim, o excesso de academia faz mal. E o excesso de intelectualidade nos afasta muitas vezes das ações físicas. Ou a aparência "pálido biblioteca" não existe?

Men sana in corpore sano, é a integração entre a mente e o corpo. Mas somos, o tempo todo, levados a cindir isso: "Não pode se exercitar muito, pois senão você fica vazio. Academia só tem gente superficial" (isso me dá sono). Mas e os intelectuais que se escondem atrás do saber pra se colocarem superiores aos que menos sabem? Superficialidade da alma do mesmo jeito.

O que escrevi acima eu já pensava antes, mas fiquei muito na dúvida, duvidei de mim porque o meu mecanismo é igual ao de muita gente: pra tentar achar algo dentro, olhamos para fora. E lá fora não tem a integração entre um lado E outro, mostram apenas um lado OU outro. E cada qual se achando melhor. E qual a referência interna? Até achá-la, vamos apanhar. Terapia ajuda, mas um bom terapeuta ajuda mais. Aliás, um péssimo terapeuta só estraga tudo. Sou contra aquele lance de "só de escutar você já está ajudando". Mentira. Papo pra boi dormir. Um bom terapeuta não se usa disso como recurso pra bunda molismo de medo de fazer intervenções.

Só fui escrever sobre isso pois a página no face tem tido novas inscrições, e ela está tão quieta e sem atualizações... Decidi pensar um pouco a respeito, porque claro, estou no efeito sanfona, e neste exato momento, uma sanfona gorda.

Enquanto não tivermos a integração do gordo interno com o magro interno, vamos no efeito sanfona. Precisamos conhecer o gordo interno, sim, um dos nossos lados, e o magro interno, sim, outro dos nossos lados. Saber porque o gordo sempre sabota o emagrecimento. Saber porque o magro fica sempre na sombra, lá escondido, e esse gordo rolando e sufocando o magro.

Acho que é mais do que pensar só na teoria dos ganhos secundários, ou apenas da obesidade enquanto sintoma psicológico de que algo não vai bem, ou de que é apenas uma dificuldade de lidar com a sensualidade ou sexualidade.

É descer ao Hades (ou ao inferno, ou ao mundo dos mortos, ou mesmo ao inconsciente), usando as incoerências que temos e que encontramos como corrimão. E lá, no fundo da nossa sombra inconsciente, começar a tomar consciência e juntar os cacos, os traumas e complexos, e começar a entender a nossa biografia. Entender qual o sentido de cada deslize, de cada queda, de cada recaída. Não o por quê caí. E sim o para que caí. Que sentido tem essa queda na nossa história. Não acho que seja só um ganho secundário. Mas que fraqueza que ela revela, que precisa ser fortalecida? Que traço deve ser melhorado? Que ferida na alma é esta, que tentamos fechar e não cicatriza nem a pau? Como diria James Hillman, olhar a vida de trás pra frente, entendendo cada coisa na nossa vida como tendo uma finalidade para nosso crescimento, amadurecimento, superação. Simplifiquei muito a teoria dele, mas procure o livro O código do ser, ele é fabuloso. Jung e James Hillman são os caras. Hillman tem livros muito bons, como A força do caráter e O livro do Puer. (Sobre Puer, leia também Puer Aeternus da Marie-Louise Von Franz).

Minha analista está de férias, e o assunto nas últimas sessões era um. E este vai ter que entrar. Porque esta ferida está ligada com a outra que estava sendo tratada nas últimas sessões antes das férias.

Mas pra fechar, passei por um momento depressivo nos últimos meses, que não foi fácil. Mas que mudou em parte quando me deram um toque e eu vi uma situação bem específica de uma outra maneira. E por mais que a gente saiba que basta olhar de uma outra maneira, temos o olhar viciado. Mas esses são os dias de nossas vidas. E é isto que nos resta viver: a nossa história. E cada uma é diferente. Nosso dia a gente que faz. Como dizem Mark e Ethan, no Youtube, "Today's gonna be a great day and you know why? Because everyday is a great day!". Toma, aprende também com uns guris de 20 e poucos anos (o Senex deles já estão integrando com o Puer? Um dia falo mais sobre Puer e Senex).

http://markandethan.com/blogs/news/18989675-we-made-merch

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Primeiros dias no grupo do WhatsApp


O grupo (de 2 pessoas) no WhatsApp, chamado Projeto 24/12 está rendendo. Perfeito que estamos somente em duas pessoas. Sem medo da exposição, e assim também fica mais fácil de visualizar um ao outro. O resultado, para mim, 1kg off em 5 dias.

Acho que fica mais fácil de levar a sério quando você tem que mostrar para o outro o que está fazendo. E ali serve como um registro para mim. Dá para apagar as fotos dos outros, e deixar só as nossas. Então fica como um diário, que eu achei mais prático do que um aplicativo que registra tudo o que comemos.

Fonte: Google imagens. Autor desconhecido.

Ontem à noite estava com fome e fui lembrar meu corpo que eu já havia comido o suficiente. Então, na ceia, foi mais fácil negociar comigo mesmo uma quantidade menor de comida.

Pessoas já riram e já reclamaram que acham feio ficar tirando foto de tudo o que come. Mas esta é uma estratégia que utilizamos. Não fico infernizando quem faz leg press de ladinho e nem apontando que a pessoa que quer gongar os projetos alheios é uma chata, então, com licença.

Ainda é uma estratégia experimental, mas já ajuda a gente a ir colocando atenção no que fazemos. Depois, é só rever as fotos. E fica mais fácil também ver quais alimentos estão faltando (ou sobrando) na dieta, e também as quantidades. Vamos ver no que dá! A Sra. B. também está tendo resultados!

Fonte: Google imagens. Autor desconhecido.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Cutucão na zona de conforto


Saída da zona de conforto. Fonte: Google imagens.


E de repente você está acomodado, reclamando do peso, da falta de progresso, ou pior, do ganho de peso. De repente você olha pra dentro e não encontra mais aquela motivação que vinha tendo há meses, o afinco que vinha empenhando no emagrecimento. Uma nuvem que cega e uma gula que afasta dos objetivos. Um sentimento de "tanto faz" ou "qual o sentido disto tudo?" ou "sei que tenho um objetivo mas não consigo visualizá-lo mais". Empaca nesta vibe por meses. Descobre que coisas do passado continuam presentes, descobre qual o gatilho que te levou a engordar, vê que um dos gatilhos também ajudou a engordar (aquele relacionamento conturbado do passado), mas vê que o gatilho que esteve presente em TODOS os momentos era outro. Cara, e isso faz a gente pirar. Parece simples, mas dentro da gente ferve. Isso foi o que passei nos últimos meses. Indo pra academia, buscando fazer dieta a maior parte do tempo, mas com recaídas. E eu achando que ia ser mais fácil do que imaginava.

E eis que hoje uma amiga me mostra um folheto da Meta Real, com o título COMPULSÃO. O material é protegido por cópia, mas vou fazer a citação com aspas, pois os primeiros parágrafos mexeram comigo. Já falei que a Meta Real se diferencia pela qualidade das palestras, e acompanhei um caso de emagrecimento de uma colega. Não ganho patrocínio da Meta Real, e espero que eles não encrenquem por eu citá-los. Quem quiser se aprofundar, procure-os, o material é muito interessante e muito mais rico do que este fragmento que cito aqui. O que pegou na minha ferida foi:


Logotipo da Meta Real


"Cada pessoa tem em si muitos "departamentos" (sentimentos inerentes ao ser humano) que podem regular ou desregular sua vida. Eles se manifestam sempre que algum "gatilho" específico é disparado, nos fazendo sentir, isso ou aquilo. Porém, a sensação que mais afeta as pessoas é o coitadinho de mim, o estou sozinho.
O coitadinho de mim é um mimado que não aceita a contrariedade, ou seja, a falta de mimo. Isso gera a solidão que provoca uma busca desesperada de realizações através do que está fora de si, precisando de paparicação e consolo. Esse mecanismo cria a co-dependência, cultiva o mimo, e é uma alavanca para a compulsão.
Se tiver alguém para mimar você, tudo bem!... é o que você EXIGE. Porém, se isso não acontece, você fica mal e o "gatilho" é acionado, gerando a compensação chamada compulsão. Toda compulsão tem origem no departamento da solidão e, mais, a solidão é o isolamento que você está da sua própria essência: daí você acha que tem que procurar "companhia" fora de si. Entretanto, nada, nem ninguém, tem a capacidade de substituir você próprio(a), pois todos somos sós. Por isso, valorize-se e tome conta de si mesmo. Aceite que a melhor companhia do mundo é você mesmo. Passe a entender-se melhor!" (Autoria: META REAL).

Este texto ecoou em mim profundamente. Primeiro com a razão, enfim, não tem como ler o texto e não associar com a psicologia junguiana. Depois me despertou uma raiva imensa, claro, olha o complexo agindo, olha a carga de afeto aparecendo!

Traduzindo para a linguagem junguiana, que me é mais familiar, o primeiro parágrafo nos apresenta os afetos (os tais departamentos), que ao serem acessados ativam os complexos, no caso, o do "coitadinho de mim". Já falei sobre complexos no blog anteriormente. Mas acho que o texto da Meta Real foi muito feliz ao explicar desta forma. E em seguida, o texto explica como é o comportamento típico deste complexo que busca paparico, mimo, busca também afastar as frustrações e contrariedades. Quando fala do gatilho que gera a compulsão, está nos falando de quando somos tomados pelo complexo de comilão, de glutão, o que seja relacionado ao comer compulsivo. Jung nos mostra que os complexos atuam como personalidades dentro da gente, e que são autônomos, ou seja, podem temporariamente assumir o comando da nossa personalidade. Eles fazem parte da gente, mas é como se "outra pessoa" assumisse o controle, sendo que esta "outra pessoa" é o complexo.

De repente todo aquele objetivo que eu tinha perdido, reapareceu. Conversei sério com minha amiga, Sra. B., e falei sobre as metas que tinha estabelecido antes do carnaval... NÃO CUMPRI! E que trajeto fiz até aqui? O tempo passou, engordei 10kg, e... E o que justificar? Fiz uma descoberta importante sobre minha insatisfação profissional (que falei em um post anterior). Nesse período, achei que poderia ressignificar meu caminho com a comida, fazendo comida. Fazendo chocolates e bolos. Sabe qual foi a resposta do meu corpo a isso? Ganho de peso e aumento da glicemia. Em terapia, vi que meu corpo pede uma nova coisa. E que essa coisa é mudança de alimentação. Não gosto de peixe. Mas da lista do que posso comer, ele é o que mais se enquadra. Estou buscando adaptar meu paladar ao peixe. O peixe também é símbolo de renascimento e transformação. Aliás, é um dos símbolos mais ricos. Eu queria fazer uma tatuagem neste mês, e escolhi um peixe tribal. Aliás, a primeira foto deste post é justamente um peixe saindo da zona de conforto.

Vejam o "recado" do meu corpo: ao comer massas ou arroz, passo mal. Doces, a mesma coisa. Ácido úrico alto, tomando remédio para isto, ou seja, cuidado com a carne vermelha. Não consigo comer mais frango, não desce. O que resta? Ovo e peixe. Me assustei semana passada quando a endocrinologista analisou meus exames e me disse que estou pré-diabético. Acho bom mudar. E isto tudo me levou a conversar com a Sra. B. (apelido dado carinhosamente em homenagem ao nome dela e a um dos episódios de Os Normais), e estabelecemos metas para 24/12, ou seja, para daqui 2 meses. Não, esta data não será para uma "noite off", e sim, como deadline de 2 meses exatos para nossos objetivos (no meu caso, 8kg off. Obs.: estou fazendo musculação, e perder peso e emagrecer são coisas diferentes, como diz o personal Guto Galamba). Criamos um grupo no Whatsapp, chamado Projeto 24/12, e só nós dois estamos lá. Já tive experiência com outros grupos, não rolou. Ah, e que diferença faz um grupo com duas pessoas, por que não na mesma conversa de sempre? Porque o foco é outro. E ali, tem regras.

Eis as regras que criamos!

Logotipo do Whatsapp


REGRAS DO GRUPO PROJETO 24/12
1) Pesagem toda segunda-feira, com foto para o grupo. Fotos a mais serão aceitas.
2) Fotos de TODAS as refeições, inclusive os excessos, e cafés do meio da manhã, tarde e noite.
3) Jamais desistir.
4) Fez merda, tire a foto e comunique imediatamente o grupo.
5) Sem despedidas de um tipo de comida ou outro. Despedidas são mimos (como os do texto da Meta Real).
6) Mimos aceitos: cenoura e biscoito de polvilho.
7) Petiscos: ver as receitas no blog do Rodrigo (ver aqui, aqui e aqui).
8) Álcool: com moderação, sábado à noite.
9) Chocolates, biscoitos e bolos: 1 vez por semana, encaixados com critério. Day off é controverso.

Day off é controverso, pois realmente precisamos dele? Isto quem nos alerta é o Guto Galamba, personal fantástico, e como disse antes, a melhor descoberta que fiz no Instagram.

Dietas muito radicais não são sustentáveis. E estamos no processo de reeducação. Mas decidimos neste primeiro momento de regras no grupo, que precisamos de mais regras e menos exceções, como diria o já citado sábio Guto. Quem vai junto?

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Lembranças subliminares


Transição - Fonte: Google Imagens

E meu almoço ontem foi regado a comilanças descabidas. Assim como a maioria das minhas refeições nos últimos 3 meses. Culpar a ansiedade? Culpar o término da especialização e a escrita da monografia? Culpar o nervoso no trabalho? As invejosas de plantão? Tudo passa na verdade pela ansiedade e não saber lidar com a vontade intensa de comer gordices. E por ser psicólogo sempre fico escarafunchando motivos inconscientes que me levam a este comportamento. E claro que nem sempre acho algo que tenha servido de estopim inconsciente para a orgia alimentar.

Acontece que lá pro início da copa, eu estava determinado e do nada algo mudou. Comecei a comer loucamente e não parei mais. Ganhei 6kg dos 20 que tinha eliminado. 

O tema da minha monografia é o sucesso profissional, e está é uma ferida aberta desde... Desde a faculdade, 14 anos atrás.

Nesta trajetória, eu que estava apenas com um sobrepeso, cheguei até obesidade grau II.

Sempre fui motivado a acertar na carreira (quem não seria?) e comecei a trabalhar com uma pessoa que eu admirava muito, porém foi uma relação de amizade bonita, mas profissionalmente, os maiores perrengues. Claro que tentei virar isso para um lado positivo de aprendizado. Mas o que prevalece é raiva de mim, por ter perdido tempo e dinheiro investindo num sonho, que não era meu. Por não saber qual meu sonho, o motivo da minha existência, sabe, aquela missão?! Por não saber disso, embarquei numa viagem, numa ideologia travestida de ciência, e passei a viver como os estudiosos daquilo. Fez sentido? É que não queria dar nome aos bois. A questão é que por acreditar naquele delírio de grandeza, que tudo aquilo era a melhor coisa do universo, fiquei inflado metaforicamente e fisicamente falando. Trabalhava dia e noite, finais de semana. Por conta da orientação sexual, recebia críticas até na roupa que eu comprava - e juro, nada extravagante, e pior, tudo sempre em tons pastéis. Eu buscava desesperadamente me encaixar, ser aceito e dar um sentido pra minha vida. Achava que pra ser legal e especial tinha que estudar tudo aquilo, então me dedicava, fazia cursos, fui ser voluntário, e ouvi diversas opiniões sobre minha vida, sobre como deveria ser ou deixar de ser. Não saía aos finais de semana. E não namorava. Enfim, "pra que perder tempo com pessoas que não estão estudando as mesmas coisas?". Aí, alguns colegas de trabalho faziam regime. E colocavam atenção no que eu comia. E eu era o centro das atenções. Montava dinâmica de grup na clínica, fazia faxina às 2h da madrugada. Ah, sim, porque na época apesar de psicólogo estudava outros assuntos de uma neociência. Aquilo tudo se transformou num processo de fuga da vida. Uma ideologia com características de delírio de grandeza. Quantas oportunidades eu perdi? O simples desejar passear numa balada já era mal visto. Joguei fora a minha juventude. Não sinto falta de ter saído pras baladas. Sigo falta de ter me desenvolvido profissionalmente. Aprendi muito, vivi pouco. Críticas e mais críticas. 

Tudo isso ficou num passado, há 11 anos. E fui me adaptando e me desenvolvendo, mas não imaginava a intensidade daquela energia. O meu despreparo em viver a vida naquela época, que eu achei que tinha recuperado, ainda causa efeito hoje.

Como dizia, na época da copa de futebol, em uma conversa retomei todos esses sentimentos e pensamentos. Mas não me dei conta. Descambei pra comer.

Ontem, na hora do almoço, coloquei no Spotify um dos discos que mais gosto de ouvir, e me lembrou imediatamente daquela época. Deste momento em diante não lembro muito até o momento que me peguei comendo bolacha recheada, com doce de leite e chocolate em cima. Várias. E fiquei pensando em como cheguei ao ponto de não me importar mais comigo. Um descaso. Não cheguei a conclusão alguma.

Mais tarde tive uma sessão de terapia, falamos sobre o vício em comer. E a analista questionou o que estaria sendo o estopim disto. Não consegui localizar.

Meia hora depois, na supervisão, eis o trecho lido do texto de Jung:

"[...]Estar esquecido não significa estar 'extinto', mas apenas que a lembrança se tornou subliminar, ou seja, sua intensidade energética caiu a tal ponto que não consegue mais aparecer no consciente, razão por que está perdida para o consciente, mas não para o inconsciente. [...]" §8.
"Além dos fatos esquecidos, existem também percepções subliminares, quer sejam simples percepções sensoriais que ocorrem sob o limiar da estimulação auditiva ou do campo visual externo, ou apercepções, isto é, percepções assimiladas abstratamente de processos internos ou externos" §9.
(A civilização em transição)

E me dei conta que antes de almoçar estava ouvindo um disco que me lembrou imediatamente desse inferno todo. Claro que tenho carinho pelas pessoas, mas tenho um auto ódio por ter me permitido chegar naquele ponto.

E pensando bem, não é que eu tenha superado, e sim abafei, porque aquilo tudo foi tão insano, que quis esconder. Criando mais uma persona. Na busca por uma identidade profissional, e por uma trajetória profissional, perdi a primeira e tropecei na segunda.

Engraçado que no domingo lembrei de uma música da infância e coloquei no mesmo Spotify. Olha um pedaço da letra:

"De chicote e cara feia domador fica mais forte
Meia volta, volta e meia, meia vida, meia morte
Terminando seu batente de repente a fera some
Domador que era valente noutras feras se consome
Seu amor indiferente, sua vida e sua fome"

(Nara Leão - O circo)

Nem preciso dizer mais nada, né? O tanto que busquei ser forte. Ser mais maduro. O menino de 17 anos que entrou para a faculdade de psicologia, e que precisava ser forte, fazendo cara feia, "ganhando corpo" é o mesmo menino que ao sair da faculdade estava entrando para uma sociedade de clínica. Que era o mesmo que era voluntário numa instituição que colocava um monte de limites, que honestamente, nem sei porque seguia tudo aquilo. Talvez por julgar intelectual, e eu por uma baixa auto-estima, me julgava mais forte com aquilo.

Na vida me distanciei da família, especialmente dos sobrinhos, para esconder uma parte de mim, a orientação sexual. E aqueles estudos todos me colocavam diferente, o tio intelectual, o tio que tinha uma profissão legal, que era engajado em um sonho lindo e assistencial. Que não era meu, mas não tinha importância.

Eu queria ser alguém. Alguém que a família pudesse se orgulhar. Aquele menino que por estar com sobrepeso os primos chamavam de "bola de sebo". Esse menino não conseguia subir na prancha de surf, esporte preferido dos primos.  Aquele menino recriminado por gostar de novelas, e por querer ser ator ou diretor de teatro. Aquele menino que tinha que dar explicações do por quê nunca tinha namorada. Era mais fácil dizer que se ocupava muito com o trabalho. Um trabalho de domingo a domingo, das 8h da manhã às 2h da madrugada. O que tanto fazíamos? Poucos atendimentos, muita faxina e muita discussão para "quando vamos deslanchar". 

Nem sei se isso tudo faz sentido para quem está lendo. Mas para mim faz. Ao ponto de sentir um aperto no peito, vertigem e tremedeira. E me dei conta que penso sobre isso, umas 3 vezes por semana ou mais. Mas nunca com essa clareza que está aqui. Este é um post para um blog de emagrecimento? Parece mais um desabafo. E é. Mas é uma peça importante. Achei o comilão dentro de mim. Agora, vou buscar lidar com ele.

domingo, 6 de julho de 2014

Em caso de corrida, ouça música!

Autor desconhecido. Fonte: instagram.

E em caso de corrida, ouça música. Ouvi durante a corrida de hoje:


Pra mim, a música faz toda diferença na hora de correr. Na hora que estou mais quase parando, vem a música e dá um gás pra continuar! Santo Spotify! Se antes eu amava o iTunes e suas playlists, minha nova paixão é o Spotify. Faço a minha lista, ou acesso outras. Ou adiciono músicas de diversas listas, montadas por outras pessoas, na minha lista. Sempre novas idéias para correr. Como um bom canceriano, fico sempre nas mesmas músicas. Mas o Spotify me permite conhecer novas músicas, ou fazer uma arqueologia musical. Sim, desenterrei Oingo Boingo: Just another day e Stay!